Transtorno da Personalidade

Quando o padrão se torna sofrimento

Nadiely Oliveira

7/10/20252 min read

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Transtornos da Personalidade: Quando o padrão se torna sofrimento

Por Nadiely Oliveira, psicóloga e neuropsicóloga

A personalidade é o conjunto relativamente estável de modos de pensar, sentir e se comportar que caracterizam o indivíduo ao longo da vida. Porém, quando esses padrões se tornam inflexíveis, desadaptativos, causam sofrimento significativo e/ou comprometimento funcional, para você ou para as pessoas que convivem com você, prejudicando os relacionamentos, o trabalho e o bem-estar geral, pode-se estar diante de um Transtorno da Personalidade, conforme descrito pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).

O DSM-5 define os transtornos da personalidade como padrões persistentes de experiência interna e comportamento que se desviam marcadamente das expectativas da cultura do indivíduo. Esses padrões se manifestam em áreas como cognição (modo de perceber a si e aos outros), afetividade, funcionamento interpessoal e controle de impulsos, sendo inflexíveis e de longa duração, com início geralmente na adolescência ou início da idade adulta.

Existem dez transtornos de personalidade agrupados em três grupos:

  • Grupo A (excêntricos ou estranhos): paranoide, esquizoide e esquizotípico.

  • Grupo B (dramáticos, emocionais ou instáveis): borderline, narcisista, histriônico e antissocial.

  • Grupo C (ansiosos ou temerosos): evitativo, dependente e obsessivo-compulsivo.

É fundamental destacar que o diagnóstico só pode ser realizado por um profissional qualificado, como psicólogo ou psiquiatra, com base em uma avaliação clínica criteriosa, necessitando ou não de aplicação de testes psicométricos e, dependendo do caso, pode contar com a ajuda de amigos próximos e familiares na identificação do padrão de comportamento desajustado.

Além disso, é essencial considerar o diagnóstico diferencial — ou seja, diferenciar se os sintomas observados não estão relacionados a outras condições, como transtornos de humor, uso de substâncias ou traumas não elaborados, que podem mimetizar ou coexistir com traços de personalidade disfuncionais.

É importante também diferenciar dos traços de personalidade que representam padrões de pensamento, percepção, reação e relacionamento que são únicos, consistentes e contínuas com características normais de personalidade em indivíduos que se desenvolvem de acordo com a influência genética e vivencias internas e externas (cultura). Esses traços não são categorias de diagnóstico, mas sim representam um conjunto de dimensões que correspondem à estrutura/ funcionamento de personalidade. Muitas vezes, traços de personalidade ou reações emocionais intensas são confundidas com transtornos, o que pode levar a autodiagnósticos equivocados e estigmatização.

Falar sobre transtornos de personalidade é fundamental para promover o autoconhecimento, o cuidado em saúde mental e incentivar a busca por ajuda psicológica. Mas é imprescindível que esse olhar seja feito com responsabilidade, escuta clínica e acolhimento, evitando rótulos, julgamentos e promovendo caminhos reais de transformação.

Abordei de forma geral o tema dos transtornos da personalidade neste texto, nos próximos conteúdos do blog trarei explicações mais detalhadas sobre cada tipo específico, suas manifestações, desafios no diagnóstico e possibilidades de cuidado. Se esse assunto desperta seu interesse, acompanhe as próximas publicações!

Atendimento clínico (online e presencial Natal/RN)

Referência:

American Psychiatric Association (1994). DSM-IV: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (4ª Ed.). Lisboa: Climepsi Editores. American Psychiatric Association (2002).