Transtorno da Personalidade Esquizoide

Quando o isolamento não é apenas preferência

Nadiely Oliveira

8/23/20253 min read

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Transtorno da Personalidade Esquizoide: quando o isolamento não é apenas preferência

O DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição) descreve o Transtorno da Personalidade Esquizoide como parte do Grupo A dos Transtornos da Personalidade caracterizados por padrões de comportamento excêntricos ou socialmente estranhos.

Neste artigo, vamos entender o que é esse transtorno, como ele afeta a vida de quem o apresenta e quais caminhos terapêuticos podem ser seguidos.

O que é o Transtorno da Personalidade Esquizoide?

Segundo o DSM-5, o Transtorno da Personalidade Esquizoide é definido por um padrão pervasivo de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão emocional em contextos interpessoais, presente desde o início da idade adulta e em diferentes situações da vida.

Para o diagnóstico, é necessário que pelo menos quatro dos seguintes critérios estejam presentes:

  • Não deseja nem gosta de relacionamentos íntimos, inclusive com familiares;

  • Escolhe quase sempre atividades solitárias;

  • Tem pouco ou nenhum interesse em experiências sexuais com outra pessoa;

  • Sente pouco prazer em atividades;

  • Não possui amigos íntimos ou confidentes (exceto parentes de primeiro grau);

  • É indiferente a elogios ou críticas de outros;

  • Mostra frieza emocional, distanciamento ou “sem” afeto.

Impactos na vida pessoal, social e profissional

Para pessoas com esse transtorno, a vida social costuma ser mínima. Não é apenas timidez ou ansiedade social, é uma baixa necessidade ou desejo de interação.

No trabalho, podem ser vistas como funcionais em tarefas técnicas ou solitárias, mas frias ou distantes em equipes. No ambiente familiar, podem não participar de momentos de afeto ou manter laços próximos, o que gera frustração nos que convivem com elas.

Essa falta de reciprocidade afetiva pode levar outros a interpretarem sua postura como rejeição ou arrogância, quando na verdade está ligada a um padrão persistente de funcionamento interno.

Exemplos do cotidiano

  • Um funcionário que nunca participa de confraternizações, não por insegurança, mas por simplesmente não sentir prazer nessas interações.

  • Um parente que raramente telefona, não demonstra saudade e parece indiferente a reencontros familiares.

  • Alguém que prefere ficar horas em atividades solitárias, sem sentir necessidade de dividir experiências com outras pessoas.

Como lidar com alguém que apresenta esse padrão?

  • Respeite o espaço pessoal: forçar contato ou intimidade pode gerar afastamento maior;

  • Não personalize a distância: entenda que a falta de demonstração de afeto não significa, necessariamente, hostilidade;

  • Crie oportunidades sem pressão: convites para atividades devem permitir recusa sem constrangimento;

  • Valorize interações curtas e objetivas: pode ser mais confortável para a pessoa.

O tratamento pode ser um desafio, pois indivíduos com Transtorno da Personalidade Esquizoide raramente procuram ajuda por iniciativa própria. Quando buscam, costuma ser por demandas indiretas, como depressão, estresse ou pressão de familiares.

A psicoterapia pode ajudar a melhorar habilidades sociais, ampliar a percepção emocional de si e outros, trabalhar objetivos de vida que aumentem o bem-estar e tragam interações de forma satisfatória.

Viver isolado não é sempre sinal de sofrimento, mas quando o distanciamento emocional é persistente, inflexível, afeta diversas áreas da vida, traz prejuízos e sofrimento, pode indicar um Transtorno e por isso necessitar de cuidado. Reconhecer esses sinais é o primeiro passo para entender e, quando necessário, buscar apoio para uma vida mais conectada e significativa.

*Texto de caráter informativo

*Não substitui psicoterapia, para atendimento clínico clique no botão de Whatsapp

* Disponível para atendimento online (mundo) e presencial (Natal/RN)

Referência:

American Psychiatric Association (1994). DSM-IV: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (4ª Ed.). Lisboa: Climepsi Editores. American Psychiatric Association (2002).